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terça-feira, 19 de maio de 2009

A foz do Douro e a sua influencia na pesca aos Robalos

Fui visitar o novo molhe norte do Porto, aberto já à algumas semanas, passei anos a pescar no velho farol da barra do Douro( farol de Felgueiras), passei boa parte da minha adolescência a pescar neste farol, fiz e assisti a pescarias inacreditáveis de robalos neste pesqueiro, foram incontáveis as noites que lá passei. Muitos dos ensinamentos e conclusões que retirei da pesca aos robalos grande parte foi neste local que as apurei essencialmente usando o corrico como técnica . É neste pesqueiro que tenho o meu recorde pessoal com um peixe de 8,250 kg , este pesqueiro está na minha alma para sempre e será sempre com saudade que me irei referir a ele..


Quebra mar destacado , molhe sul


Quebra mar destacado , molhe sul




O velho e grande farol foi ultrapassado pelo novo molhe norte da barra do Douro , mais uma obra que custou milhões de euros juntamente com a construção do molhe sul e respectivo quebra mar destacado tudo em prol de uma melhor navegabilidade das embarcações na entrada e saída da mesma barra. Já neste blog e noutros locais referi que o impacto que as obras de defesa e protecção costeira mais concretamente os novos molhes da barra do Douro estão a ter impacto nas espécies que habitualmente habitam a barra e a costa circundante da foz do Rio Douro e só daqui a alguns anos vamos conseguir avaliar o verdadeiro impacto que teve.










Novo molhe Norte


Todas as obras longitudinais aderentes como não aderentes ou obras transversais têm impacto nas deriva litoral e natural de todos os sedimentos que as correntes maritimas transportam , se associarmos a isto o grande numero de barragens que o rio Douro tem e a construção relativamente recente da Barragem de Crestuma-Lever tão próxima da foz menos sedimentos serão encaminhados para o mar.
Se pensarmos que por norma uma construção transversal( molhe) vai reter sedimentos a barlamar vai haver um défice de areias e sedimentos a sotamar , temos inumeros casos na costa norte de efeitos que a construção de obras efectuaram em zonas circundantes, Granja, Espinho, Apúlia, etc .

Por alguma razão a costa de Vila Nova de Gaia mudou repentinamente as caracteristicas de muitos pesqueiros, se houve muitos que ficaram completamente despidos de areia colocando rochas visiveis que nunca antes tinham sido vistas houve casos pontuais que existiu e existe um açoreamento quase total de pesqueiros com muita rocha onde à poucos anos existiam caneiros profundos entre estruturas rochosas agora existe areia , mesmo com mar calmo e ausencia de vento é notória em muitos locais areias em suspenção.
As influencias na pesca são notórias, novos pesqueiros, novas correntes, novos hábitos de caça dos robalos, o robalo é um predador de hábitos mas também de oportunidade, estranhamente os cardumes de sardinha já não encostam tanto à costa por estes lados como era hábito, o jeito de água oriundo do Douro ( designado localmente por fieiro) era visivel paralelo à costa de Gaia, essa corrente transportava vida com ela os robalos vagueavam nesse fieiro a caçar, neste momento essa mesma corrente distanciou-se largamente da costa..

Se na altura da desova continua a ser habitual os profissionais largarem redes e palanques junto da costa, fora dessa época já começaram a largar os seus aparelhos mais distantes da costa, uma maior fiscalização assim os obrigou? Não me parece.. Há efectivamente menos peixe pelos meus pesqueiros mas uma queda tão elevada não é sinónimo directo de baixa drástica da população de robalos..Essa baixa existe mas a verdade é que as espécies ganham novos hábitos e nós pescadores temos que estar atentos e analisar o meio ambiente e encontrar novamente os hábitos dos peixes


o velho farol de Felgueiras


Onde os robalos atacavam os artificiais


“ Mudam-se os tempos mudam-se as vontades” , construiram os molhes e muita coisa mudou, por ventura para pior mas por outro lado abrem-se novas oportunidades os novos molhes por exemplo têm condições excepcionais para a pesca com vinis, tenho por lá andado a descobrir novos pesqueiros e novos hábitos e as pescas engraçadas que aí se consegue fazer com vinis.
Mais à frente vou colocar um pequeno artigo sobre pesca em molhes, passando pelo corrico e spinning.

8 comentários:

A. Barbosa disse...

8D
Eu cresci e morei na Cantareira até aos meus 25 anos!
Hoje de tarde, por volta das 17h estive fui lá para ver o mar e a obra. Fui até à ponta do molhe ver se apanhava banho...por pouco não nos cruzámos!
abraço

Bruno Martins disse...

Olá amigo,
Não fui testemunha desses teus tempos no velho farol mas já sei muitas das histórias que por lá viveste e perduraram para sempre contigo. Também partilho da opinião que os novos molhes mudaram algo na costa, açoreamentos e desaçoreamentos constantes fazem com que algo mude os hábitos do peixe, dai por vezes não encontarmos respostas a algumas perguntas que fazemos.

Aquele abraço,
Bruno

S. Ferreira disse...

Com a entrada de menos sedimentos no mar, é mais que certo que ocorrerão alterações na cadeia alimentar, Paulo.
Há muitos anos que ouço falar nas grandes pescarias nocturnas na foz do Douro.
Espero que os bicharocos não abandonem totalmente essa zona.
Um abraço.

Paulo Martins disse...

Boas Barbosa,

Quase que éramos vizinhos:)

Abraço

Paulo Martins disse...

Boas Grande Bruno,

Por alguma razão os nossos pesqueiros estão a sofrer grandes alterações, já tiveste a prova este ano, a esta altura do ano nem uma petinga ainda se avistou junto à costa

Abraço

Paulo Martins disse...

Boas Sérgio,

A foz do Douro era qualquer coisa de inacreditável, só visto para crer:)
Estes molhes alteraram muita coisa, a água do mar entra pelo estuário com muita mais força, nos ultimos 3 anos sairam grandes exemplares com frequencia em sitios pouco comuns, muito a montante do estuário.
Na costa o impacto tem sido preocupante mas prefiro esperar mais um pouco para ver se descubro novas rotinas nos peixes..
A mão do homem na Natureza raramente é benéfica para as espécies, vamos ver..

Abraço

Dave disse...

Bom e muito útil texto Paulo!
Para quem começa agora nestas coisas das amostras, é sempre bom ler/ouvir falar quem sabe.
Adoro ir até à Foz, nem que seja para ficar apenas a olhar. Por acaso, a minha estreia ao spinning foi no Cabedelo.

Anônimo disse...

Olá Paulo,

A sua opinião mantém-se em relação ao impacto desta obra?


Cumprimentos,
Pedro Abreu