Seguidores

domingo, 27 de setembro de 2009

Era uma vez


Existia um rio mítico para os pescadores de trutas que faziam parte do grupo de amigos do meu pai.
Sempre que me deslocava à aldeia dos meus pais ouvia relatos sempre o mesmo, o mestre do meu pai levou-o lá , grande pescador de trutas , à meio século atrás já pescava à pluma em Portugal, grande mestre que ainda tive a honra de conhecer já nos últimos anos da sua vida, já não tinha condições físicas para pescar mas a pesca foi sem duvida a sua vida, um certo dia em casa dos meus avós fez questão de me mostrar o seu álbum fotográfico, até hoje já vi muitas fotos de peixes mas nada que se assemelhe aquele álbum, muitas fotos ainda a preto e branco mas peixes incríveis, enormes e majestosos.
.


O meu pai foi um dos seus discípulos, ao longo da sua vida só existiram dois, caminhou com ele muitas vezes ao longo destas margens, noutros rios e ribeiros. Havia vida nos rios, viagens enormes com acessos diminutos, existiam os famosos guarda-rios que tanta falta agora fazem.

Chegou o dia, tinha chegado a minha vez de ir conhecer o “ tal”, a vista do cima da serra é simplesmente de cortar a respiração, foi num qualquer dia de Maio e capturei um truta de perto de 40 cm, o meu pai enganou 5 se a memória não me falha. Esta captura tinha eu 13 anos, passaram-se quase 20 e decidi ir visitar o “tal”, sem cana na mão, apenas fui lhe dizer olá.


Pesquei por estas margens centenas de vezes, acampei 3 ou quatro vezes com amigos , tive a honra de assistir a espectáculos maravilhosos de manifestações da natureza que teimámos em destruir. O rio continua selvagem, com pouca água como é natural nesta altura do ano.



Muitas vezes estou com o meu Pai e sinto uma tristeza nas palavras dele quando fala de tempos passados, os olhos deles ficam sem profundidade quando fala de muitos rios em que ele pescou e foram completamente devastados, o TAL também o foi, nas suas águas já não existem trutas, foram exterminadas à bomba, com redes, com cal, com lixívia, cordas com bogas iscadas e até com caça submarina nos seus poços. Há momentos que odeio ser humano, somos a pior das espécies de longe a mais nociva e destrutiva para este planeta






Um dia vou falar do TAL aos meus filhos mas nunca lhes vou conseguir mostrar 1% do que o meu pai viveu e viu.




terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mais uma coisa estranha num robalo



Na semana passada capturei um robalo na ordem dos 3 kg que ofereci aos meus pais para um almoço familiar, chegado a casa dos meus pais a minha mãe já habituada a pescadores diz-me para ir à cozinha observar o que o robalo continha no seu interior.
Observei dois caranguejos pilados, um macho e uma fêmea, nada de surpreendente até agora, surpresa foi ter observado que a fêmea continha um anzol, mais um peixe que capturei que tinha escapado de outra armadilha.
No entanto o anzol, a linha e a maneira de iscar deu para concluir que não se tratava de um robalo fugido de um aparelho profissional mas sim de um pescador desportivo.
Esta tipologia de anzóis são os mais usados para iscar os pilados na minha zona, da maneira que estava iscado e a espessura da linha leva-me a concluir que o peixe escapou numa montagem de pesca à bóia.
Ambos os pilados ainda não estavam digeridos nem mostravam marcas de terem sido ingeridos à muito tempo ( o macho deve ter sido ingerido em primeiro lugar ), este episodio faz-me pensar na capacidade que os robalos têm de reter os perigos, visto que no estado que os pilados estavam era obvio que não tinham sido ingeridos à muito tempo, logo o robalo também tinha escapado à pouco tempo de outra linha e mesmo assim continuou a caçar.
Na foto à esquerda a fêmea ainda com o anzol, à direita o macho.

sábado, 19 de setembro de 2009

Mais um robalo de aparelho




Na foto coloco mais um peixe capturado com a boca cicatrizada mas já deficiente, nos ultimos tempos começa a ser hábito capturar peixes nesta situação.
Os aparelhos usados pelos profissionais causam estas lesões aos peixes, muitas das vezes iscados com pilado em anzois 1/0 e superiores os peixes ficam a debater-se durante horas, alguns têm a felicidade de se libertarem mas alguns ficam como este.
A foto foi feita no momento exacto da captura, reparem que ele atacou o artificial pelo lado da boca saudável.
Estes aparelhos com muitos anzois práticamente não são retirados da água, são levantados e novamente iscados, em voltas de mar os aparelhos ficam lá vários dias com peixes mortos causando autenticos massacres de peixes o mesmo se passa com as redes.
É o nosso Portugal, o país dos subsidios, quando acabarem os robalos os pescadores profissionais vão exijir um subsidio qualquer e claro que o mesmo irá sair dos nossos bolsos.