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quarta-feira, 9 de abril de 2014

End

Se me questionassem qual foi o peixe que mais alegria me deu capturar eu diria:
 - O próximo

 Na vida tenho poucas certezas, uma das quais é que a morte espera por toda a gente, de quando em vez faço questão de relembrar dessa verdade irrefutável, tenho a firme certeza que o que faço na minha vida faço-o de maneira apaixonada, desde a minha vida pessoal à profissional, a paixão traz alguns erros mas quem faz algo com paixão leva uma força consigo que tem o poder de suplantar algumas limitações.

 Não sou alguém saudosista, agarrado a premissas ou estereótipos sociais, cada um é como é, como quer ser, cada um escolhe o seu caminho, o certo ou errado , a procura da felicidade ou a sua vivencia à individualidade diz respeito..
Prefiro o preto ou o branco, sim ou não, não me dou bem com os cinzentos ou os talvez, faço questão de colocar objectivos a mim próprio, viver um dia de cada vez mas sabendo que há um tempo para termos tempo e há uma altura de conseguirmos tempo entre os tempos que vamos tendo..

 Deixem-me falar da pesca..

  A pesca não é apenas apanhar peixe, além de ser um pensamento redutor é errado , é um ritual, um sentimento permanente de inquietação, os grandes pescadores que conheço são irrequietos, são pessoas de várias idades, filhos, pais, irmãos ou avôs ,mas traquinas, têm fome de conhecimento, funcionam como uma esponja a absorver vários pormenores mesmo que inicialmente aparentem não ter ligação entre eles, não tomam nada por garantido e evoluem sem esquecer o passado..

 Depois há aqueles que são os fora de serie, viram e fizeram primeiro, irrequietos igualmente, incorformados ,questionaram e voltaram a questionar, adaptaram e adaptam-se, são aqueles que inicialmente lhes disseram que estavam errados, depois disseram-lhes que a sua abordagem não era exequível para no fim se renderam e afirmarem que já se tinham lembrado dessa abordagem mas por uma razão ou outra nunca a experimentaram.

 A pesca é inquietude que nos traz paz..

 Eu não sei onde me incluirei, uma coisa sei, ser grande pescador não o serei de certeza, não assim o considero  mas a minha paixão pela pesca..essa sim  é enorme e infindável..  

Continuando:
  Durante a nossa vida ganhámos muita coisa mas perdemos outras tantas,  por norma todos nós só concretizamos o que perdemos quando já não podemos ter o que o tempo, a vida ou a morte nos levou.
 No período compreendido entre a criação deste blogue até ao dia em que escrevo este texto os mais dispares acontecimentos ocorreram na minha vida, grandes alegrias, tristezas e percas irrecuperáveis.. Continuo a ser a pessoa apaixonada pela vida que sempre fui, alguém que não faz nada por fazer.. Para uns o 8 e para outros o 80 mas sentindo sempre que o importante é não ser quadrado..

 Terminando:
  É a altura de terminar o blogue, se em tempos parei e disse que um dia mais tarde voltaria neste momento não, é chegada a altura colocar o Robalos na Alma no compartimento dele.
 Aqui já não escrevo com paixão e sem sentimento não vale a pena fazer nada.

 Não me revejo em muitas situações que vou lendo na blogosfera, não me identifico com o que vou vendo nos pesqueiros ou em conversas de vau de escada em lojas de pesca , a pesca é para ser sentida não é para ser um campo de frustrações, de interesses ou de primarismo cavernoso.

Continuar com o blogue era ser cinzento, isso não, prefiro mil vezes morrer de uma só vez que ir morrendo aos poucos e para quem ainda não se apercebeu a pesca em Portugal vai morrendo aos poucos, nas mais diferentes modalidades é só tricas e egos do tamanho da nossa costa, lobbys de importadores, patrocionios mal esclarecidos, é muita confusão para quem apenas gosta de pescar..

 A partilha em Portugal é uma utopia, na pesca usámos materiais de ultima geração mas parámos no tempo como colectivo..
 Muitos pescadores ou indivíduos que apanham peixe não querem saber de paixões ou emoções , partilha boa é só aquela que pode ter alguma contrapartida pessoal.. A malta quer é ver peixes, a monte, pendurados ou em tabuleiros, ensanguentados, querem saber de amostras que matem peixe e locais quentes, paixões é para pescadores menores, a partilha meus caros é uma utopia…
 
 Alguém que já partiu destes pesqueiros um dia disse-me:
 “São muitos a pescar mas há poucos pescadores”

Nunca mais me esqueci da frase, é actual como nunca.

 Agradeço do intimo do meu ser a todos que perderam um tempo entre tempos a ler o Robalos na Alma, aos que apoiaram, aos que construtivamente criticaram, aos que valorizaram ou depreciaram. A todos sem excepção, aprendi a fazer melhor e a nunca fazer igual..

 Sejam felizes, sejam vocês , não alinhem em tudo que parece ouro, não tentem ser uma cópia de pescador que conhecem, no máximo serão uma boa cópia mas nunca serão diferentes.. Sejam apaixonados pela pesca e pela vida são os meus votos a todos.

 Sejam felizes

 Eu continuarei a procurar o próximo objectivo, o próximo peixe...