Um dos factores mais importantes no sucesso das nossas
saídas de pesca é sem duvida a escolha do pesqueiro.
Há um pensamento e uma frase que me ocorre muitas vezes
mentalmente e outras tantas em conversas com amigos: Onde há água há peixe..
Haverá sempre pesqueiros melhores que outros, existirão
sempre pesqueiros temporários devido ao dinamismo do mar e movimentação de
areias ou então porque entraram em larga escala espécies presa dos peixes.
Mas em grande medida, onde há água pode haver peixe.
Há frases que fazem parte do léxico dos pescadores que
muitas das vezes não se perde o tempo necessário em decifrar o sentido das
mesmas:
É a maré ideal para este pesqueiro
Este pesqueiro é bom de preia mar
Ainda é cedo para o peixe entrar no pesqueiro
Já não tem peixe no pesqueiro
A maré está mesmo no ponto para dar peixe
Vou só fazer a maré
Muitos dos pescadores preocupam-se em saber onde são os
melhores pesqueiros ou até onde pesca pescador x ou y, muitas das vezes vão
pescar para pesqueiros referidos ou de referência mas na altura errada e em
condições não favoráveis.
Há várias coisas que temos que separar por isso vamos por
partes:
O ponto de água:
Chamamos ao ponto de água o espaço temporal da marés em que o
pesqueiro tem a quantidade de água ideal para ter peixe.
Há dois tempos que são quase consagrados universalmente como
excelentes para capturar peixes: o preia mar e o baixa mar , muito
genericamente esta ideia é correcta, porque ambas marcam períodos de mudança no
meio onde os nossos alvos habitam.
Durante a evolução
das marés muito mais se passa, quem pesca na costa fica refém da amplitude e
ponto das mesmas para pescar em pontos específicos mais ou menos avançados mar
dentro, um erro muito comum é em marés a vazar pescadores quererem avançar o
quanto antes para pedras mais avançadas porque pensam que assim tem mais
hipóteses de capturar peixe.
Todos os pesqueiros tem pontos de
água mas os mesmos interagem com as condições do mar, ondulação mais ou menos
forte é o suficiente para colocar ou retirar um pesqueiro no ponto de água com
as condições ideias para capturar peixes ou não.
A perder água ou a meter água no pesqueiro?
Há uma simples observação que podem fazer em ambientes
mistos na costa, nos caneiros ou poças de água deixados a descoberto pela
descida da maré atentem na vida animal dos mesmos enquanto a maré desce e
voltem a ver os mesmos quando começam a chegar as primeiras águas da enchente,
o resultado na esmagadora maioria é um dinamismo impressionante de várias espécies,
onde anteriormente tínhamos visto alguns camarões, caranguejos ou cabozes agora
vamos ver muitos mais , em deslocação e em maior dinamismo.
Não quero dizer que durante a baixa mar os mesmos não
tivessem lá, na maior parte das vezes estão mas entocados ou escondidos E com a
maré a encher sentem que é a altura de se movimentar, alimentar e deslocar, a
vazar acontece o mesmo mas aos nossos olhos não é tão perceptível.
Os robalos e outros predadores acompanham estes movimentos,
acompanham a maré, entram e saem dos pesqueiros, muitas das vezes devido à
dinâmica da água outras tantas esperando a oportunidade de uma refeição.
Para quem se preocupa em registar as suas saídas de pesca e
a formar padrões com o tempo vamos descobrir que há pesqueiros que são melhores
com a maré a subir, outros exactamente o inverso e outros no decorrer das marés
mediante a sua acessibilidade perante o coeficente de altura de maré sempre
conjugado com o estado da agitação do mar, existirão ainda casos tanto de preia
mar como baixa mar o mesmo pesqueiro é excelente, na realidade onde há água há
peixe.
Há pesqueiros que de dia me deram alegrias escassas e pela
noite tem sido palco de imensas alegrias
Para quem vive perto de estuários as cinergias ainda são bem mais interessantes porque além
de termos o próprio estuário para pescar nas praias adjacentes mediante a
estação do ano os pesqueiros ficam mais ou menos repletos de vida..
Sobre pesqueiros e suas características há uma realidade
absoluta, ou fazemos imensas pescas e vamos descobrindo os seus pontos de água
ou temos que ter alguém que nos diga como os mesmos funcionam.
Aprendi muita coisa sozinho com muitas grades às costas mas
aprendi muito com outros pescadores, não só aos que se dedicam à pesca com
artificiais mas também com os senhores da chumbadinha ou surf casting..
O conhecimento dos pesqueiros é provavelmente a parte mais
difícil da pesca, há pormenores , manias, pequenos truques que só o tempo nos dá
, principalmente nos pesqueiros de ambientes
rochosos menos mutáveis vamos aprender
onde o peixe ataca as amostras, é incrível como em ambientes repletos de pedra ano após ano vamos apanhando peixe sempre no mesmo local e a escassos metros
ao lado raramente fazemos a festa..
Se me perguntam se tenho segredos na pesca, tenho, sobre
amostras,técnicas e outros se o faço é inadvertidamente sobre os pontos de
água a história é diferente.
Sei que não posso querer os pesqueiros só para mim mas
depois de perder tanto tempo em alguns e acordar às 5 da manhã para chegar ao
local e ver 15 pessoas penduradas nas pedras não posso dizer que seja um sonho
que acalente ver muitas vezes , muito mais porque já passei por essa situação várias vezes.
Nunca entendi como na costa com uma massa tamanha de água e
inúmeros pesqueiros por vezes assisto a romarias nos pesqueiros, chegámos a um
ponto que não é preciso saber que deram 30 peixes num pesqueiro para que no dia
seguinte estejam lá 20 pescadores, basta por vezes um único peixe para fazer
essas movimentações.
Considero-me uma pessoa privilegiada em muitos aspectos, um
dos quais com o decorrer dos anos ter feito excelentes amigos na pesca que
vamos falando amiúde, por cada vez que soubesse onde andava a sair uns peixes
fosse ter com eles seriam raras as vezes que pescava na zona onde pesco.
Para quem lê o robalosnaalma e me tem em consideração deixo
aqui um pequena mensagem, a partilha de conhecimentos é vital, faz parte da
nossa condição humana mas para aqueles que querem sentir a verdadeira essência
da pesca não se preocupem em correr atrás dos peixes porque ouviram alguma coisa,
insistam onde gostam de pescar, onde logisticamente vos é mais acessível,
pratico e rápido, robalos há em todo o lado, conheçam a vossa casa e de quando
em vez visitem os amigos e acreditem que
vão ter alegres e enormes surpresas.
11 comentários:
Excelente escrita, como sempre! Abraço
Acabo de añadir tu blog en el mio.
Me gustan tus comentarios, te felicito.
Saludos.
Boa noite Amigo
Gostei do que li e de certeza irei reler mais vezes. Quero agradecer este post 5* e vou continuar atento aos ensinamentos do meu amigo.
Grande Abraço
Jaime Almeida
Boas Paulo..:-) A meu ver é muito importante e gratificante poder ajudar quem está a dar os primeiros passos ao spinning. Mas é muito importante que quem está a começar agora, entenda que vai ter que passar por uma aprendizagem e várias etapas, mas que isso demora tempo. Para que no futuro não precise de ir atrás de rumores e possa ele mesmo, saber o que está a fazer e o porquê!.
Um abraço
Luís Malabar
Olá Paulo. Sei bem do que falas.
já lá vai tempo que dava ouvidos a muita gente. Agora, se ouço dizer que deu peixe a norte, eu vou para sul. E vou-me safando....
Com os verdadeiros amigos, a conversa já é outra.
Abraço.
Boas Formigal,
Obrigado pelas palavras e por apareceres, o que faz falta é mar bom..:)
Abraço
Olá Lachis,
Encontrei o teu blogue e achei super interessante, continua a alimentar o mesmo porque está muito bom.
Abraço
Boas Luís,
O que infelizmente não há falta na pesca são rumores, não só de peixes e pesqueiros mas muita publicidade escondida que engana os menos atentos e experientes.
Cair e ser enganado também faz parte da aprendizagem, como pessoas e pescadores.
Abraço
Olá Jaime,
Obrigado pelas palavras e mais ainda por apareceres.
Abraço
Muito bom este blog. Pesco muito robalo aqui no Brasil, no litoral de Sao Paulo, de noite e de dia também. Nas praias, nos costões, na Foz dos Rios, especialmente no Rio Itanhaem.
Estive vendo as imagens desta Foz do Rio Douro, é muito bonita, deve ser muito bom pescar por ai.
Quem sabe um dia vou conhecer e pescar em Portugal, a terra dos meus avós, dos Guimaraes e dos Gonçalves.
Grande Abraço,e parabens pelo blog.
Alexandre Guimarães Gonçalves
Olá Paulo Martins.
Sou do Seixal e também gosto de dar as minhas varadas.
Muito bom post.
Muito fixe mesmo!!!!
Basta estar atento ao que escreveste. Há lá muita informação e muito saber.
Cumprimentos
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